Tem dias em que eu acordo achando que já atravessei tudo. Tem outros em que levanto da cama sentindo que ainda estou exatamente no meio da travessia.
E a verdade é essa: eu ainda estou me resolvendo (e talvez você também). É importante entender que o processo de recomeço não é linear.
Durante muito tempo eu acreditei que a vida funcionava em fases bem definidas: primeiro você sofre, depois aprende, depois supera. E pronto, virou alguém “resolvida”. Mas a realidade me ensinou algo bem diferente: a gente não se resolve de uma vez. A gente se resolve todos os dias. Em pequenas decisões. Em pequenos nãos. Em pequenos recomeços.
O Me Resolvendo não nasceu como um projeto.
Nasceu como um cansaço profundo de repetir histórias.
Nasceu da dor de tentar ser forte o tempo inteiro.
Nasceu da lucidez de perceber que eu precisava parar de fingir que estava tudo bem quando não estava.
O nascimento do projeto: por que é tão difícil se sentir “resolvida”?
Eu escrevia porque era a única forma de organizar o que eu sentia.
Eu estudava porque não queria mais viver no piloto automático emocional.
E eu chorava porque, às vezes, entender dói.
Com o tempo, percebi que aquilo que eu vivia em silêncio não era só meu.
Outras mulheres também carregavam histórias interrompidas, relações confusas, culpas que não eram delas, medos de recomeçar, cansaço de serem sempre as fortes.
Mulheres que funcionam.
Mas não descansam.
Mulheres que acolhem todo mundo.
Mas esquecem de si.
Mulheres que sabem amar.
Mas já não sabem mais se proteger.
Se você chegou até aqui, talvez não seja por acaso.
Talvez você também esteja tentando se reconstruir sem virar uma pessoa dura.
Talvez esteja tentando não repetir padrões.
Talvez esteja aprendendo a dizer “isso eu não aceito mais”.
Talvez esteja só cansada de fingir que está tudo sob controle.
E está tudo bem.
Aqui, eu não compartilho fórmulas.
Eu compartilho os caminhos que percorro.
Nada do que você vai ler aqui é sobre perfeição emocional.
É sobre lucidez possível.
É sobre errar com menos violência contra si.
É sobre aprender a sair mais cedo de lugares que adoecem.
É sobre parar de romantizar migalhas.
É sobre entender que amor não precisa doer para ser real.
O Me Resolvendo é esse espaço de escrita viva.
Onde eu falo do que vivi.
Do que estou vivendo.
Do que ainda estou aprendendo.
Relacionamentos.
Solidão.
Autonomia.
Medo.
Limites.
Recomeços.
Corpo.
Culpa.
Desejo.
Fé.
Cansaço.
Esperança.
Tudo isso cabe aqui.
Eu não escrevo como especialista.
Escrevo como mulher em obra.
Em processo.
Em revisão constante de si.
E se esse espaço servir para você respirar um pouco, já valeu.
Você não precisa ter todas as respostas agora.
Você não precisa estar pronta.
Você só precisa estar disposta a se ouvir com mais verdade.
A travessia não acaba.
Mas ela muda de forma.
Hoje, eu caminho com mais consciência do que aceito.
Com mais cuidado com o que deposito nos outros.
Com mais compromisso comigo.
Ainda dói às vezes.
Mas dói diferente.
Dói sem me desmontar.
Se você quiser, fique.
Leia.
Volte quando precisar.
O Me Resolvendo não promete curas.
Promete companhia.
E em alguns dias, isso muda tudo.
Com carinho,
Cris Medeiros 🌷
